Introdução:
O Transplante (TX) cardíaco é o tratamento padrão para pacientes com insuficiência cardíaca (IC) avançada ou refratária ao tratamento clínico, porém a presença de hipertensão pulmonar com resistência vascular pulmonar (RVP) acima de 5u Wood é considerada uma contraindicação absoluta para TX cardíaco ortotópico pelo risco de falência aguda do ventrículo direito. O objetivo do trabalho é relatar um caso bem-sucedido de TX cardíaco ortotópico com RVP de 7.5u Wood.
Descrição do caso:
Paciente masculino, 44 anos, com IC refratária secundaria a miocardiopatia dilatada idiopática foi referido para TX cardíaco em 1994. Foi avaliado em 3 instituições que contraindicaram o TX devido a RVP de 7.5u Wood após teste de vasodilatação pulmonar e na ausência de tromboembolismo pulmonar. Na época, nas outras instituições foi sugerido o transplante duplo de coração e pulmão. O paciente foi internado em nosso serviço e após 2 meses de dependência de dobutamina optamos por levá-lo a transplante com doador do sexo masculino, com superfície corporal > 30% em relação ao receptor e transplante realizado lado a lado. O transplante cardíaco ortotrópico foi realizado no início do ano de 1994, após duas semanas de IC direita manejada com milrinone o paciente recebeu alta hospitalar. Se encontra hoje com 31 anos de evolução pós TX cardíaco. Está em CF I, com fração de ejeção do VE preservada, disfunção leve do VD e pressão pulmonar estimada de 39 mmhg. Nunca apresentou qualquer episódio de rejeição e a coronariografia recente não demonstra doença vascular do enxerto. Tem hipertensão arterial controlada e com doença renal crônica em tratamento conservador recebendo apenas ciclosporina na dose de 200 mg/dia como imunossupressor.
Discussão:
Em estudos de populações com sobrevida superior a 20 anos foram encontrados como preditores de bom prognóstico idade do receptor < 45 anos, a etiologia não isquêmica e RVP inferior a 3u Wood. Este é um caso raro de sobrevida após TX cardíaco ortotrópico em paciente com RVP acima de 7u Wood. A secunda raridade é a excelente sobrevida após 30 anos de transplante cardíaco sem maiores complicações.
