INTRODUÇÃO: A terapia medicamentosa da Insuficiência cardíaca (IC) evoluiu em qualidade e quantidade de medicações nos últimos anos, tornando o tratamento mais eficaz, porém com necessidade de remédios combinados e com progressão de doses, o que impacta diretamente na adesão. A terapêutica incorreta ou falha é um dos principais agravantes da morbimortalidade da IC, sendo a escolaridade um dos fatores de peso para a boa adesão. O objetivo deste resumo é descrever as características epidemiológicas, pela escolaridade, dos óbitos relacionados a IC.
MÉTODOS: Estudo ecológico utilizando dados do DATA-SUS, com dados de Óbitos relacionados a IC no Brasil, entre 2013-2022, com base nos anos de escolaridade concluída e com filtros estratificados por região geográfica do país, total por ano e grupos étnicos.
RESULTADOS: Entre 2013 e 2022, houve um total de 283.534 óbitos por IC no Brasil, sendo a Região Sudeste responsável por 48,33% do total, seguida pela regiões Nordeste (24,19%), Sul (16,42%), Centro-Oeste(5,77%) e Norte(5,3%). Quando se observa a distribuição por anos de escolaridade são obtidos os seguintes dados, em ordem decrescente de óbitos:1 a 3 anos(25,75%); Nenhum(22,45%); 4 a 7 anos(19,69%); 8 a 11 anos(10,06%);12 anos e mais(3,08%). Do total, o grau de escolaridade é desconhecido em 18,97%. Ao se analisar por ano, a ordem decrescente descrita anteriormente é seguida entre 2013 e 2019, a partir de 2020 até 2022, porém, há uma alteração nos três primeiros grupos e a ordem passa a ser 1 a 3 anos (23,53%;23,9%;23,67%),4 a 7 anos (22,59%; 23,4%; 23,67%), nenhum (21,27%; 20,27%; 20,5%). Ao observar por grupo étnico, a etnia branca(53,2%) e amarela(0,54%) seguem a mesma ordem presente a partir de 2020, enquanto que na preta(9,14%), parda(33,64%) e indígena(0,23%) quanto maiores os anos de escolaridade menor o numero de óbitos.
CONCLUSÃO: Perante os resultados percebe-se claramente que que há uma concentração no número de óbitos (superior a 60%) englobando indivíduos com menos de 7 anos de escolaridade, assim como, há uma queda significativa quando estes possuem mais de 12 anos de escolaridade. Embora careça de estudos para determinação de causalidade, esses resultados destacam a importância da educação e acesso a cuidados de saúde adequados na prevenção e manejo da insuficiência cardíaca, e ressaltam a necessidade de políticas de saúde que abordem as disparidades socioeconômicas e étnicas na saúde cardiovascular da população brasileira.