Introdução: Tumores cardíacos são raros, com incidência de 0,001% a 0,03%. Sejam manifestações primárias ou metastáticas, o cardiologista deve estar preparado e apto a diagnosticar e definir o tratamento para tais condições. Relato: Paciente sexo feminino, 78 anos, foi admitida para realização de ressecção de tumor intracardíaco. Seu histórico patológico inclui hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e hipotireoidismo. Foi portadora de câncer de mama tratado em 2008 e tumores renal e retal tratados cirurgicamente em 2020.O diagnóstico da massa cardíaca ocorreu em 2023 devido a um quadro de coledocolitíase, com indicação de tratamento cirúrgico. Durante os exames pré-operatórios o ecocardiograma (ECO) transtorácico e transesofágico identificaram o tumor. Localizava-se em região inferior parede atrial direita com extensão à região do seio venoso, sem mobilidade ou efeito de massa, superfície regular, homogênea, densidade aumentada em relação ao miocárdio, medindo cerca de 21 X 17 mm. A ressonância magnética cardíaca (RMC), identificava massa no átrio direito, sem características infiltrativas, isossinal homogêneo nas imagens pesadas em T1, hipersinal homogêneo nas imagens pesadas em T2, ausência de perfusão de primeira passagem do gadolínio, e hipersinal homogêneo nas imagens de realce tardio. Indicada ressecção da massa tumoral, evoluiu sem intercorrências. O laudo anatomopatológico revelou tratar-se de um hemangioma cardíaco (HC) cavernoso. Discussão: O HC é uma entidade rara, representando menos de 3% dos tumores cardíacos primários, e pode ocorrer em pacientes de qualquer idade, embora seja diagnosticado com mais frequência em indivíduos com mais de 40 anos. Os padrões histológicos incluem hemangioma cavernoso, capilar e arteriovenoso, sendo o primeiro o mais comum. Geralmente, o HC é assintomático e diagnosticado incidentalmente. Apesar de benigno, pode causar comprometimento valvar, arritmias, derrame pericárdico ou obstruções do fluxo cardíaco. O diagnóstico pode ser realizado por meio de ECO inicialmente. A angiotomografia de coração e a RMC podem complementar a investigação, especialmente na caracterização da lesão. Tratamento cirúrgico para HC não é consenso, mas a ressecção total é frequentemente recomendada devido à imprevisibilidade do seu curso natural. Conclusão: Este caso relata o diagnóstico de um HC, e juntamente com o histórico complexo da paciente, ressalta a importância da integração entre especialidades clínicas e cirúrgicas, para determinar a melhor estratégia terapêutica.