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Persistência da Veia Levoatriocardinal na ausência de cardiopatia: uma rara associação

Elisa Kalil, Soraya Abunader Kalil, Stelamaris Luchese, Carolina Sander Reiser, Isabel Elisa Ferraz Mendes, Ligia Beatriz Mambrini Só e Silva
Universidade Luterana do Brasil - Canoas - RS - Brasil, Hospital da Criança Conceição - Porto Alegre - RS - Brasil, Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Porto Alegre - RS - Brasil

Introdução: A Veia Levoatriocardinal (VL) é uma anomalia congênita rara, remanescente embriológico do sistema venoso fetal, que conecta o átrio esquerdo (AE) (ou veia pulmonar (VP)) e o sistema venoso sistêmico(veia inominada/veia cava superior). Funcionalmente, serve como rota de escape(descompressão) da drenagem venosa pulmonar na presença de lesões obstrutivas do lado esquerdo do coração e comunicação interatrial restritiva ou ausente. Menos frequentemente pode estar associada a cardiopatia congênita sem lesão obstrutiva à esquerda ou ser um achado isolado, resultando num shunt esquerda-direita e dilatação de átrio e ventrículo direito.

Sua presença pode ser um fator de confusão na avaliação ecocardiográfica, podendo ser interpretado como conexão anômala parcial de veias pulmonares, com uma veia vertical ascendente. 

Relato de caso: Paciente de 3 anos, masculino, em acompanhamento com a pneumologia por asma, é encaminhado para avaliação por sopro cardíaco. Ao exame físico: peso:15 Kg; altura:97,5cm; Ausculta pulmonar: sp; Ausculta cardíaca: bulhas normofonéticas, 2 tempos, ritmo regular, sopro sistólico vibratório 2+/6 em 4º espaço intercostal esquerdo sopro sistólico ejetivo 2+/6 em 2º EIC esquerdo, FC: 90 bpm; Pulsos:palpáveis e simétricos; Ecocardiograma: Drenagem anômala pulmonar parcial de VP à esquerda. Veias pulmonares à direita e uma à esquerda drenando para o AE em posição habitual. Presença de vaso com fluxo de baixa velocidade, ascendente. Câmaras direitas de dimensões normais. Eletrocardiograma: Taquicardia sinusal. FV:105 bpm, PR:120ms, QTc(Framingham)=386 ms, Eixo elétrico normal(46 º), Padrão infantil da repolarização ventricular, Onda U, Atraso final de condução(bloqueio de ramo direito incompleto); Raio X de Tórax: sp; Tomografía Computadorizada de Tórax: Todas as veias pulmonares conectadas ao AE, trajeto venoso vascular vertical conectando a VP superior esquerda à veia inominada, caracterizando persistência da VL. Artérias pulmonares pérvias e confluentes, com calibres preservados. 

 

Conclusão: A persistência da VL na presença de coração estruturalmente normal é uma associação muito rara. O diagnóstico é feito pela visualização das quatro veias pulmonares conectando-se no AE, excluindo a presença de conexão venosa anômala pulmonar parcial. A realização da angiotomografia permitiu identificar a persistência da VL conectando a VP superior esquerda à veia inominada. O tratamento dos casos em que esta conexão venosa determina dilatação das câmaras direitas pode ser realizado através  do fechamento percutâneo ou cirúrgico da veia.  

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