Introdução: As principais indicações para uso do CDl são a prevenção primária de morte súbita cardíaca em pacientes com risco aumentado de Taquicardia Ventricular (TV) e Fibrilação Ventricular
(FV) e prevenção de morte súbita cardíaca secundária em pacientes com TV sustentada ou FV prévias. A SVCR é uma condição rara de cefaleia secundária a estreitamento multifocal reversível de artérias cerebrais, cursando com cefaleia do tipo thunderclap recorrente, podendo ou não estar associada a déficits neurológicos focais e crises convulsivas. Seu mecanismo fisiopatológico ainda é desconhecido, porém sugere-se que haja uma anormalidade no controle do tônus cerebrovascular desencadeada por um gatilho vasoconstritor.Existem critérios diagnósticos para a síndrome em questão através do RCVS2, com alta precisão diagnóstica
Descrição do caso: CMP, 43 anos,portadora de CDI em virtude de cardiomiopatia hipertrófica septal assimétrica, referindo que após 2 choques sequenciais do CDI, iniciou quadro de cefaleia holocraniana súbita, intensa, associado a náuseas e vômitos, sem outros déficits neurológicos focais. Realizada tomografia de crânio e angiotomografia arterial de vasos cranianos, evidenciando fina lâmina de hemorragia subaracnóidea cortical (HSA) em região de giro pós-central direito. Realizada analgesia com opioide e iniciado nimodipino como profilaxia para vasoespamo cerebral. No dia seguinte, apresentou novo episódio de dor com as mesmas características associado a hipertensão arterial, sendo realizada nova neuroimagem, mantendo as características descritas anteriormente.
Solicitado angioressonância arterial de crânio para melhor avaliação, contudo, por possuir CDI com gerador de marca diferente dos eletrodos, não pôde realizar o procedimento. Assim, calculado RCVS2, totalizando dez pontos, com sensibilidade e especificidade maior que 90%, resultando no diagnóstico da patologia. Iniciado profilaxia de eventos com verapamil após discussão com equipe de cardiologia e antidepressivo tricíclico para dessensibilização trigeminal de dor e controle do humor.
Conclusão: A SVCR é uma entidade rara e que deve ser prontamente diferenciada de causas malignas, como HSA aneurismática ou trombose venosa cerebral. No caso em questão, pela recorrência de dor associado a desfibrilação elétrica sequencial do CDI como um potencial gatilho vasoconstritor, além do sexo, presença de HSA cortical e descartadas causas mais comuns de cefaleia thunderclap, concluiu-se o diagnóstico. O uso da escala RVCS2 foi crucial no desfecho em questão por sua elevada sensibilidade e especificidade.