Introdução:
A doença isquêmica coronariana persiste como uma grande ameaça a saúde pública, considerando altos índices de morte, incapacidade e má qualidade de vida. Durante muitos anos, o principal fenótipo relacionado foi a obstrução aterosclerótica, contudo com a evolução de novas técnicas diagnósticas foi visto a participação da doença não obstrutiva com seus respectivos representes angina sem obstrução coronariana (ANOCA), isquemia sem obstrução (INOCA) e infarto do miocárdio sem artérias coronárias obstruídas (MINOCA), e dentre tais causas temos como fisiopatologia a doença microvascular.
Relato de caso:
Paciente LDC, sexo feminino, 76 anos, previamente com doença ateromatosa incipiente de carótidas e aorta, migrânea, ex tabagista, bronquiectasias diagnosticada e com segmento com a equipe da Pneumologia, e antecedente familiar importante para doença cardiovascular. Procurou atendimento médico em maio de 2023 com quadro de angina CCS II associado a dispneia aos moderados esforços iniciados há 2 meses, foi solicitado investigação ambulatorial para doença coronariana crônica. Foi admitida no pronto-socorro após um mês por evoluir com redução do limiar anginoso, recorrendo aos mínimos esforços. Iniciado protocolo de síndrome coronariana aguda, ECG inicial sem alterações isquêmicas agudas e troponinas seriada sem alteração. Permaneceu internada como hipótese de angina instável para complementar a estratificação, realizou cateterismo cardíaco com avaliação inicial anatômica sem obstrução, posteriormente cintilografia miocárdica a qual também não teve alterações significativas no exame a despeito do relato de angina típica durante a fase de estresse com dobutamina. Por fim, ecocardiograma com função ventricular normal (FEVE 62%), sem alteração segmentar ou valvar. Contudo, verificou-se em posterior avaliação do cateterismo o índice de resistência da microcirculação com resultado de 367 (VR 250), justificando o quadro de ANOCA. Prescrito trimetazidina 80mg e indicado reabilitação após o diagnóstico, além de anlodipino como antianginoso em seguimento ambulatorial, o qual referiu melhora significativa da angina sem novas intercorrências.
Relato de caso:
Conclusão:
As doenças coronarianas não obstrutivas ganham destaque com a evolução de métodos diagnósticos que ainda são poucos disponíveis no contexto atual. Nesse sentido, a avaliação invasiva da circulação microvascular desponta como uma forma de confirmar o diagnóstico e consequentemente guiar o tratamento, com objetivo de melhorar a qualidade de vida e intercorrências nesse grupo de pacientes.