INTRODUÇÃO: O Infarto Agudo do Miocardio (IAM) é uma das principais causas de morte e nos últimos anos, a análise de que as mulheres tinham maior proteção natural ao IAM foi contrabalanceada pela descobertas de novos fatores de riscos específicos ao sexo feminino, o que ajuda a explicar as mudanças no perfil do infarto em mulheres na última década.O estudo atual tem como objetivo descrever o perfil epidemiológico de mulheres internadas em carater de urgência no Brasil na última decada. MÉTODOS: Trata-se de um estudo ecológico descritivo, usando dados do Sistema de Informações Hospitalares, SIS-SUS disponíveis na plataforma DATASUS. Foi utilizado dados de internações de pacientes femininas em urgência por IAM no Brasil entre 2014 a 2023. RESULTADOS: Foram processadas 422.248 internações, 48.20% desse total na região Sudeste, enquanto a região Norte, com menos internações, teve 14.910.Todas as regiões tiveram tendência de aumento de internações, sendo o Centro-Oeste e o Norte com os maiores aumentos percentuais em relação a 2014 (200.2% e 138.9%, respectivamente). Em mulheres adultas, a faixa etária de 20-29 anos teve o maior aumento percentual de internações em relação a 2014, sendo de 114,3%, seguido de 60 a 69 anos, com aumento de 91,9%, enquanto o menor foi entre 30-39 anos (48%). A taxa de mortalidade total foi de 12,6%. A maior mortalidade foi no Nordeste (14,34%) e a menor no Centro-Oeste (10,79%). Em todas as idades, ocorreu uma tendência de redução da mortalidade, especialmente no último triênio, com exceção da faixa etária abaixo de 1 ano, que subiu de 5% em 2014 para 6,96% em 2023. A média de mortalidade por IAM precoce (abaixo de 49 anos) é de 6,32%. Entre mulheres adultas abaixo de 49 anos, a mortalidade foi maior entre 20-29 anos (8,75%) e menor entre 40-49 anos (5,66%). Acima de 50 anos a média foi de 14,97%, sendo que com 80 anos ou mais, a mortalidade média é cerca de 25%. CONCLUSÃO: No período ocorreu um aumento de internações em todo o Brasil, mas a taxa de mortalidade teve redução, podendo indicar a evolução de terapias no período, porém, o número de internação de mulheres mais jovens aumentou, com uma mortalidade alta no início da idade adulta, o que pode ser explicado por fatores de risco específicos do sexo feminino. Este perfil de idade incomum implica na necessidade de mais atenção para o infarto em mulheres, tanto em prevenção como condutas, devendo-se considerar fatores socioculturais e regionais para a tomada de decisões.